Aforismos Antiteístas, Ateísmo & Teísmo

RODRIGUES SALES

Sociedade Portuguesa de Autores

2025

pt

9789893579442

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O ser humano debate-se desde a nascença com o absurdo de morrer ou desaparecer no nada. Neste sentido somos guerreiros a lutar para preencher de infinito cada momento, cada instante não só porque o tempo é evanescente como também porque o nosso período de vida é escasso. O absurdo é sermos escravizados como ‘máquinas funcionais’ ou ‘máquinas avassaladas’ sem sequer aproveitar o pouco tempo existencial ou o desaparecer muito rapidamente no extinguir-se rico ou pobre todos os seres humanos são heróis quando executam funções sem saber em que segundo ou instante vão ‘retirar-se’ em termos absolutos. Aqui surge uma revolta contra Deus infinito ou deus imaginário como sendo apenas uma projeção do ser sem sustentáculo havendo provas absolutamente brilhantes da sua existência e da sua inexistência. Existindo Deus aparece como o pior tirano, subjugador que vai esmagando o humano até à morte e se nada faz para proteger os entes e mesmo as criaturas do sofrimento é o maior déspota que mostra indiferença e os guerreiros, refiro-me a generais, coronéis, grandes mercenários e outros neste sentido ocupam cargos religiosos da mais alta patente. O ‘apóstata primordial’ ou o ‘homem sensível’ sente repugnância a tudo o que é fé cega num deus que não conhece, um deus incognoscível, tem aversão a todo o tipo de rituais religiosos e neste sentido a apostasia é a única ‘religião autêntica’ como renegação do que chular, bajular, adular ou cortejar Deus como padres que ‘rezam’ e ‘enrabam-se’ mutuamente ou o homem que renega Deus mas ainda tem um crucifixo ou uma nossa senhora no quarto, o ‘homem forte’ pelo contrário é o verdadeiro apóstata porque não precisa de amuletos e aceita a morte com coragem quando vive feliz e é um vencedor, o perdedor morre muitas vezes com desonra. O homem apóstata tem medo da morte porque sabe que quando morrer desaparece e deixa de existir e sente mais a evanescência e finitude como rápida sequência de cenas como um projetor que desenrola e enrola a fita muito rapidamente dando a ilusão de movimento vertiginoso até o términus da fita ou extinção, vive mais autenticamente no sentido de encarnar a temporalidade como um ponto espaciotemporal.
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