Crise económica, políticas de austeridade e representação política

Crise económica, políticas de austeridade e representação política

André Freire, Marco Lisi e José Manuel Leite Viegas (Org.)

Assembleia da República

2015

506

Dura

Português

9789725566244

1165

Este é o primeiro livro a ser editado na Coleção Parlamento no âmbito do projeto “Eleições, liderança e responsabilização: a representação política em Portugal ? uma perspetiva longitudinal e comparativa”. Estuda-se aqui a evolução da representação política em Portugal, antes e depois da crise de 2008 e da intervenção da troica. São cinco os principais resultados da pesquisa. Primeiro, a crise de 2008 e as suas sequelas nacionais e internacionais, nomeadamente a intervenção da troica, tiveram claros reflexos no discurso público: abordagens dos mass media, debate político, campanhas eleitorais, publicações académicas, etc. Segundo, os dados não confirmam a tese de uma completa falta de autonomia e discricionariedade do governo nacional, e da maioria que o suporta, face aos ditames da troica. Terceiro, as respostas da cidadania às políticas austeridade têm passado por uma maior mobilização cívica, nomeadamente com o crescimento das formas de participação não convencional, mas também do uso das petições. Contudo, tal não parece ter colmatado o diferencial que nos separa da Europa (mais participativa). Quarto, embora algumas destas tendências precedam a crise de 2008, o impacto desta e das suas sequelas amplificaram muito claramente a erosão do apoio popular “específico” (aos resultados da governação e ao desempenho dos titulares) e “difuso” (aos valores democráticos em abstrato) à democracia. Adicionalmente, aumentou também o apoio aos ideais de democracia direta e aos processos de deliberação democrática. Quinto, a crise traduziu-se também numa maior polarização ideológica, com as esquerdas mais alinhadas à esquerda e as direitas mais alinhadas à direita (seja em termos de posição ideológica tout court, seja em termos de temas socioeconómicos), sobretudo o PSD, mas tal ocorreu principalmente ao nível das elites parlamentares e praticamente nada ao nível dos respetivos constituintes. Tudo somado, não há nem evidência de liderança no processo de representação, nem de “representação a partir de baixo”, mas há, isso sim, sintomas de crescente incongruência à direita (eleitos versus eleitores) com os cidadãos a não acompanharem a forte inflexão neoliberal da direita, sobretudo do PSD. A amplificação da erosão do apoio à Europa é outro dos claros e pronunciados efeitos da crise e das políticas de austeridade. Pelo contrário, apesar do potencial estímulo a entendimentos à esquerda que a crise e as políticas de austeridade poderiam ter provocado, a verdade é que amiúde o PS pareceu mais próximo da direita, sobretudo em matéria de votações no Parlamento, e as esquerdas radicais pareceram mais próximas entre si e afastadas do PS.
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Pesquisa, política, crise, governo, eleitores